As ectomicorrizas aumentam a resistência da árvore às doenças radiculares (como as causadas por Fomes annosus, e Armillaria), o que melhora a saúde da planta e a taxa de sobrevivência das novas plantações. Também aumentam o efeito anti-erosão das raízes, estabilizando o solo através do micélio.
Controlam a produção de substâncias foliares (como o ácido salicílico no salgueiro) protegendo assim a árvore de insetos e fornecendo um medicamento natural aos animais que consomem as folhas.
As árvores com micorrizas arbusculares podem funcionar como um reservatório para as culturas, melhorando a troca de água e nutrientes.
Métodos de introdução de fungos micorrízicos num sistema agroflorestal
Ao fazerem-se novas plantações devem preferir-se árvores provenientes de viveiros e inoculadas com o fungo (Fig. 3), ou aquelas já sujeitas a uma micorrização devido à sua localização dentro de complexos florestais. Deverão usar-se espécies endémicas pois são as mais bem adaptadas às condições climáticas do sistema agroflorestal em causa. As plântulas com micorrizas, tanto de raiz nua como em cuvetes, deverão ser protegidas contra a dessecação. No caso da micorrização de estacas deverão seguir-se todas as indicações do produtor de inóculo. A micorrização de plântulas deverá ser feita imergindo-as numa suspensão até à profundidade de metade da raiz e depois plantando-a mecânica ou manualmente.
No caso de plantas obtidas com raiz nua deverão aparar-se as raízes uniformemente e depois deverão ser submersas na suspensão e plantadas imediatamente.
No caso particular da micorrização de salgueiro numa rotação curta (fig.4), esta só poderá fazer-se após cada salgueiro desenvolver o seu sistema radicular, i.e. cerca de 2 a 3 meses após a plantação. A inoculação deve ser feita com uma agulha de aplicação. É essencial que a temperatura à profundidade de 10 cm seja igual ou superior a 12 ºC, e a humidade do solo a 60% da capacidade de retenção de água.
Para inocular fungos micorrízicos arbusculares podem usar-se, em alternativa: i) inóculo em pó, adicionando água e pulverizando o solo à volta da planta, mergulhando as raízes na solução; ii) injeção nas raízes. Também são muitas vezes inoculados em conjunto com microorganismos promotores do crescimento das plantas como biofertilizante; no entanto, esta solução e
tem uma eficácia mais baixa que as micorrizas.
O biofertilizante pode ser distribuído à superfície do solo, no caso de culturas anuais, sozinho ou juntamente com a sementeira, ou aplicado no sulco. Também pode ser aplicado diretamente nas sementes, em pasta ou em pó. No caso de plantações ou pomares já estabelecidos, o biofertilizante sólido pode ser enterrado perto das raízes (Malusa e Ciesielski, 2018). Para obter os melhores resultados é necessário fazer corresponder cuidadosamente o genótipo da planta, do fungo e da planta hospedeira, ou seja é fundamental utilizar isolados de fungo adaptados regionalmente.
Boas práticas que favorecem o desenvolvimento das micorrizas
- Nível intermédio de azoto e baixo conteúdo de fósforo no solo (Liu 2000, Johnson 1993)
- Mobilização do solo reduzida ou mesmo inexistente (agricultura ‘de conservação’, fazer pouca lavoura) (Galvez et al. 2001, Kabir 2005)
- Gestão precisa e sustentável da nutrição das culturas (adubo biológico/composto/adubo de libertação lenta em quantidade moderada) (Douds et al. 2012, Ustuner et al. 2009)
- Rotações variadas de culturas (Larkin 2008) usando culturas de cobertura e leguminosas fixadoras de azoto (Njeru et al. 2015), e reduzindo as famílias de plantas resistentes às micorrizas (por exemplo Brassicaceae, Chenopodiaceae, Linaceae) (Peat e Fitter, 1993). Aplicação limitada de produtos químicos (Miller e Jackson 1998, Carenho et al. 2000).
- Combinação da inoculação de fungos arbusculares e aplicação de biofertilizante e biopesticidas (Weber 2014).